Vendas de fotos da íris: A nova moeda de troca na era digital

Empresas coletando imagens da íris e pessoas vendendo fotos dos próprios olhos: entenda o que está acontecendo.

Este dado biométrico, mais valioso que a impressão digital, está sendo fornecido a empresas de inteligência artificial em troca de cerca de 100 euros.

Em diversas localidades do país, surgiram bancas com o slogan “A Economia Global pertence a todos”, onde promotores apresentam uma esfera metálica usada para capturar imagens da íris – parte do olho ao redor da pupila, caracterizada pela cor única de cada indivíduo. Em troca, aqueles que concordam em fornecer esse dado biométrico recebem 10 worldcoins, uma nova criptomoeda lançada pela empresa Tools for Humanity, liderada por Sam Altman, em julho. Além disso, é possível obter mais seis moedas ao baixar o aplicativo e moedas adicionais ao convidar outras pessoas para se inscreverem. Reconhece o nome do empresário? Ele é o criador do ChatGPT, uma das ferramentas de inteligência artificial mais populares do mundo.

Embora a Worldcoin assegure seguir todas as leis e regulamentações referentes à coleta e transferência de dados biométricos, incluindo o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) da Europa, a iniciativa enfrenta críticas e controvérsias. Em países como Portugal e Espanha, houve relatos de menores de 18 anos fornecendo esse dado, algo proibido. A Tools for Humanity afirma que seus operadores recebem instruções para verificar a idade dos participantes e que todos devem assinar um termo de consentimento garantindo serem maiores de idade. Contudo, há denúncias de que jovens têm sido abordados diretamente nos stands, sendo persuadidos com a promessa de criptomoedas sem o devido tempo para considerar a decisão, já que o processo ocorre imediatamente.

Diversos países estão investigando ou suspendendo as operações da empresa por desconfianças sobre o destino final dos dados e os reais objetivos dessa coleta. Nas redes sociais, proliferam teorias e dúvidas sobre possíveis usos indevidos ou prejudiciais desses dados no futuro. Por outro lado, há quem veja na iniciativa uma oportunidade para adquirir uma criptomoeda que pode valorizar, visão com a qual alguns especialistas não concordam.

Sam Altman explica que criou a Tools for Humanity para estabelecer a maior rede digital e financeira global. A Worldcoin, de fato, tem mostrado crescimento gradual, com cada moeda atualmente avaliada em cerca de 6,45 euros. Assim, quem baixou o aplicativo e fotografou sua íris recebeu o equivalente a 112 euros. Essa recompensa rápida tem atraído multidões para as bancas instaladas em locais como centros comerciais e estações de transporte. A empresa, no entanto, afirma que não está comprando dados, mas sim compartilhando a propriedade do projeto com os participantes. Para muitos, no entanto, essa é uma maneira de ganhar dinheiro extra ou aliviar dificuldades financeiras, já que os valores obtidos podem ser transferidos para contas bancárias após 24 horas.

Apesar disso, as preocupações com privacidade e segurança de dados continuam a crescer, tanto em Portugal quanto no mundo inteiro. Segundo a Tools for Humanity, mais de 3,7 milhões de pessoas em 10 países já forneceram sua íris – um dado único, considerado mais valioso que a impressão digital, já que não há duas pessoas com íris idênticas.

Os dados coletados têm o objetivo de confirmar a autenticidade de um ser humano no ambiente digital, especialmente em um contexto de rápido avanço da inteligência artificial. A empresa afirma que utiliza essas informações para garantir segurança e prevenir fraudes online. Após a captura da imagem, é criado um “identificador digital” chamado World ID, que comprova que a pessoa é real e única. A Tools for Humanity assegura que os dados biométricos e imagens coletados são excluídos após o processo e nega a comercialização dessas informações para terceiros.

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